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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

De Galho Em Galho

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Desenho um Macaco num Coqueiro
Seus Pés tão hábeis quanto às mãos
Então sinto no Peito ligeiro
Um Triste fardo no meu coração

Ah! Mas é Claro
Uma Faxina é uma boa
Mas... Dá Trabalho
O Número dela sempre soa

Eu Faço um Café encorpado
Começo uma Organização
Para quem sabe então Animado
Não mais trazer Saudade ao colchão

Vou às Compras
Mas o Crédito
Só traz pra minha Casa
Outro débito

Capuccino pra evitar Cerveja
Pois a Culpa da cafeína
É menor que a do álcool, e deixa
 Mais ciente da disciplina

Vejo as Fotos E a Carência
Me faz lembrar da minha Infância
Em que eu com muita frequência
Tinha pelo desenho uma ânsia

Eu Desenhava macacos
Pulando
De galho em galho

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O EMBALADOR

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O Embalador
Vai contente
Para o seu batente

Pois ele embalou
Na sua mente
Que vai dar um presente

Ele economizou
Tão fielmente
E hoje finalmente

Tem o suficiente
Para um anel decente
Para o seu Amor

O Embalador
Tem em seu pensamento
Que hoje chegou
O dia do pagamento

É trabalhador
E o seu intento
É pedir seu Amor
Em casamento

Embalador
Embala, o sonho
Embala – embala

Embalador
Embala, o sonho
Embala – embala

Ele trabalhou
Com um sorriso
Tava no paraíso

Mas ele acordou
Sim, foi preciso
Calar aquele riso

Nem sequer chegou
A entender
E sem compreender

“Mãos ao alto!
É um assalto!”
Foi o que escutou

Ele congelou
Pois estava chocado
Nem respirou
De tão paralisado

E não escapou
Foi aniquilado
Por aquele invasor
Que tava armado

Embalador
Embala, a dor
De bala em bala

Embalador
Embala, a dor
De bala em bala

Ele empacotou...

SOU

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Sou! Sou mesmo! Qual é o problema com isso?
E aí? Qual é o problema?
Ah... É sempre assim! Na minha cara ninguém diz!
Mas é assim mesmo! Eu já estou mais é acostumado! Talvez seja até por isso que eu não mude!
Acho que me acostumei. E uma vez que se acostuma, é pior. Pra todo mundo.
Engraçado isso.
Todo mundo queria que eu fosse. Estava sempre lá, implícito que era o que eu tinha que fazer. Mesmo que não fosse diretamente, todos me encorajavam. Desafiavam. Até mesmo me obrigavam para que eu fosse, mesmo contra minha própria vontade.
Agora eu sou.
E aí? Estão felizes agora?
Não, né?
Afinal, vocês nunca estão felizes com nada!!!
Cansei disso!
Eu estou farto! Farto!
Por que razão na terra eu me tornei o bode expiatório? Por que eu?
Pelo visto no fundo era bem o que todos queriam. Que o fim fosse esse mesmo.
Vai ver que essa reação de vocês não seja porque falta alguma coisa, mas exatamente ou contrário. Não falta mais nada.
E se nada mais falta é porque agora já está completo. Já está perfeito.
Agora sim posso atender para seu propósito. A ojeriza. O repúdio. A condenação.
Porque para que eu vocês continuem por cima, alguém tem que estar por baixo. Mas não sem um álibi. Não sem um pretexto.
E assim, com a consciência tranquila vocês podem continuar a subir em mim, e se sentirem maiores. Superiores. Certos.
Quem seria o certo se não houvesse o errado, certo?
Errado.
Pois não se acredita nisso quando se é o errado. Quando se é o errante.
Mas é errado por quê?
Porque vocês querem, é claro!
É errado porque vocês querem fazer, mas não podem. Não podem porque querem fazer, mas é errado.
Quem sujaria as mãos?
Eu.
E como um cordeiro ludibriado, fui cambaleando para o matadouro...
Que tolo... Como fui tolo...
Mas não nego! Jamais negarei o que sou!
Pois ao contrário de vocês, eu admito.
Ao contrário de vocês eu não me esquivo.
Ao contrário de vocês eu pago o preço.
Ao contrário de vocês eu sou.
Eu sou vocês.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Doação Precária

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Você nem
Sabe a metade
É tarde
Para explicar
Porque eu já

Sei o bem
Que alcancei
Cansei
De me esquivar
Vou aceitar

Que por mais
Que eu tenha fugido
Me escondido
Pra tudo que é lado


Incapaz

Eu me vi coagido
Fui detido
E então flechado

Que bandido
Esse moleque alado
Eros, Cupido
Estou apaixonado

Com o Amor eu não
Quis ser mais comungado
Porém meu coração
laçado como um gado

Ainda está sangrando
Ferido e magoado
Imaturo, chorando
Perdido e assustado

Sei que não é a melhor
Doação pra você
Mas por enquanto é só
o que posso oferecer

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Chá e Bolo

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Hoje é dia
De tomar chá
Chamar você
Não vai colar

Hoje é dia
De tomar chá
Cadê você
Quero te achar

Hoje é dia
De tomar chá
Pra que chamar
Se era brincadeira?

Hoje é dia
De tomar chá
Chá de cadeira...

Moça profana
Sempre me engana
Dizendo que
Quer me encontrar

Bater um papo
Manter contato
Ou quem sabe
Tomar um chá

Mal vejo a hora
Vou sem demora
Pra mais um bolo
Seu eu levar

Trago bombons e

Flores pra ti
E mais um bolo
Tento tragar

Já não consigo
Mais engolir
Só chá pra acompanhar
Chá de cadeira...

Alforria

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O meu pai me deu a carta...
De alforria!
E agora o alforria que fazer?

O meu pai me deu a carta...
De alforria!
E agora o alforria que fazer?



Sem
Ter ninguém
Pra também
Dizer quem
Eu deveria ser!

Nem
Estar aquém
Para alguém
Que quer bem
Me dizer

Quem
Devo ser!

E me faz ir além!

Para esse trem
Só quem vem
Vai além!

Vai!
Vai além
Veem amém
Ah! Amém!

Vem Sim

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Vem...
Vem...
V em pra mim
Vem assim
Venha, sim
Sim...
Sim...

Se eu sei que você me quer
E eu também quero você
Se você sabe o que é
Que você tem que fazer

Só sei que quero te ter
E sei que me quer também
O fato de me querer
Não diz respeito a ninguém

Vem...
Vem...
V em pra mim
Vem assim
Venha, sim
Sim...
Sim...

Vem...
Sim...
Vem...
Sim...

Se eu sei que você me quer
E eu também quero você
Se você sabe o que é
Que você tem que fazer

Só sei que quero te ter
E sei que me quer também
O fato de me querer
Não diz respeito a ninguém

Vem...
Vem...
V em pra mim
Vem assim
Venha, sim
Sim...
Sim...

Vem...
Sim...
Vem...
Sim...
Vem sim!

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Sou

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Sou! Sou mesmo! Qual é o problema com isso?
E aí? Qual é o problema?
Ah... É sempre assim! Na minha cara ninguém diz!
Mas é assim mesmo! Eu já estou mais é acostumado! Talvez seja até por isso que eu não mude!
Acho que me acostumei. E uma vez que se acostuma, é pior. Pra todo mundo.
Engraçado isso.
Todo mundo queria que eu fosse. Estava sempre lá, implícito que era o que eu tinha que fazer. Mesmo que não fosse diretamente, todos me encorajavam. Desafiavam. Até mesmo me obrigavam para que eu fosse, mesmo contra minha própria vontade.
Agora eu sou.
E aí? Estão felizes agora?
Não, né?
Afinal, vocês nunca estão felizes com nada!!!
Cansei disso!
Eu estou farto! Farto!
Por que razão na terra eu me tornei o bode expiatório? Por que eu?
Pelo visto no fundo era bem o que todos queriam. Que o fim fosse esse mesmo.
Vai ver que essa reação de vocês não seja porque falta alguma coisa, mas exatamente ou contrário. Não falta mais nada.
E se nada mais falta é porque agora já está completo. Já está perfeito.
Agora sim posso atender para seu propósito. A ojeriza. O repúdio. A condenação.
Porque para que eu vocês continuem por cima, alguém tem que estar por baixo. Mas não sem um álibi. Não sem um pretexto.
E assim, com a consciência tranquila vocês podem continuar a subir em mim, e se sentirem maiores. Superiores. Certos.
Quem seria o certo se não houvesse o errado, certo?
Errado.
Pois não se acredita nisso quando se é o errado. Quando se é o errante.
Mas é errado por quê?
Porque vocês querem, é claro!
É errado porque vocês querem fazer, mas não podem. Não podem porque querem fazer, mas é errado.
Quem sujaria as mãos?
Eu.
E como um cordeiro ludibriado, fui cambaleando para o matadouro...
Que tolo... Como fui tolo...
Mas não nego! Jamais negarei o que sou!
Pois ao contrário de vocês, eu admito.
Ao contrário de vocês eu não me esquivo.
Ao contrário de vocês eu pago o preço.
Ao contrário de vocês eu sou.
Eu sou vocês.

sábado, 4 de agosto de 2012

You Are On Your Own

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As much as I
try to go high
you make my
flight to get shot down

I lose my mind
and never find
what is your kind
of loving to be thrown

I'm looking all aorund
but it's still not found
so if my mind is blown

You are on your own

It's just like
you must like
and that's why
you are on your own

Like a strike
with a spike
when I try
not to abandone

It's just like
you must like
and that's why
you are on your own



TRADUÇÃO

Por mais que eu
tente ascender
você faz meu
vôo cair num tiro

eu perco minha cabeça
e nunca encontro
qual é o seu tipo
de amor para ser jogado

Estou procurando por todo lado
mas ainda não encontrei
por isso, se minha cabeça está perdida
Você está por conta própria

É como se
você gostasse
e é por isso que
você está por conta própria

Como uma pancada
com um espinho
quando eu tento
não abandonar

É como se
você gostasse
e é por isso que
você está por conta própria

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Opinião ou Felicidade

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E se todo mundo achasse
Que tem sempre que
Te obedecer?

E se ninguém criticasse
A sua maneira
De agir

E se todos concordassem
Com tudo o que você
Quer fazer?

E se todos se curvassem
A tudo o que você
Decidir?

Se somente elogiassem
Bajulando seu ego
Sem parar?

E se nunca se importassem
Com seus erros
Só com seu bem estar?

Diga com sinceridade
Se você busca humildade
Ou sua finalidade
É espalhar infantilidade?

Opinião
Ou felicidade
Opinião
Ou felicidade
Qual é a sua
Prioridade?

Opinião
Ou felicidade
Opinião
Ou felicidade
O que você
Quer de verdade?

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A Verdade sobre os Dia dos Namorados

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12 de Junho!
Dia dos namorados!
Blá-blá-blá, etc. e tal!
Primeiramente, quero dar os parabéns a todos os namorados hoje!
Mas não por hoje, e sim por serem namorados!
Vocês estão de parabéns, mas não só hoje. Estarão de parabéns no casamento; lua-de-mel; cada vez que revezarem a louça para lavar; fazerem bodas; educarem os filhos juntos e terem um ao outro quando os filhos forem-se embora. Se isso acontecer, e espero que aconteça: Meus parabéns!
Pois não é o dia 12 de Junho que define que vocês estão de parabéns. Esse dia só chega para vocês acharem que se devem algum presente material para movimentar a economia capitalista e fazer com que os que não namoram achar que precisam estar namorando com alguém.
Não me entendam mal, eu não tenho nada contra o namoro. Sou contra mesmo é deturpação dos valores de um casal.
Ou melhor, dos valores de uma pessoa.
Esteja ela acompanhada ou não.
Afinal, por que achar que outra pessoa vai definir o valor que você tem?
Ou pior, dar a outras pessoas o direito de jogar o rótulo de “Carente”, “Encalhado”, “Dedo Podre”, etc.
A partir do momento que você se permite ser taxado como tal, só estará alimentando essa bolha devoradora criada por um sistema que não está nem aí para o seu bem-estar, ou para o amor de sua vida! Eles querem é esvaziar o seu bolso e ditar como as coisas vão ser, para que os obedeçam sem ser questionados e continuem a inflar essa consumindo até estourar. Para depois se recompor e começar tudo de novo.
Você não é pior do que ninguém porque não está namorando. Pelo contrário, está muito melhor do que quem está namorando e não se sente confortável com isso. Ah, se está!
Muita gente está namorando para não ficar sozinho.
Muita gente está namorando para se autoafirmar.
Muita gente está namorando, mas não tem no sua namorada uma parceira para desabafar, ou um namorado que se bote a mão no fogo.
Se você não está namorando com qualquer pessoa, ou por qualquer motivo egoísta, ou capitalista:
MEUS PARABÉNS!!!
Não se deixe ser devorado pela bolha! Ela estoura.
Eu não vou usar o clichê de quem em algum lugar há alguém perfeito para você...
Serei realista, talvez nunca encontre essa pessoa que você procura. Espero de fato que acredite nisso.
Porque assim que você parar de ficar procurando a pessoa que você encontrar lá fora, vai estar pronto para encontrar a pessoa que você quer encontrar aí dentro!
Quer alguém perfeito pra você?
Três palavras:
“SEJA
ESSE
ALGUÉM”
Quando você se valorizar e tiver uma estima grande o suficiente, atrairá pessoas que vão querer isso também.
E sabe de uma coisa, talvez você até encontre alguém que seria pefeito para você, mas não vai querer depositar sua felicidade nas mãos de outro ser humano, que por mais bem intencionado que esteja é tão falho quanto você mesmo.
Nosso coração é muito precioso para simplesmente deixarmos nas mãos dos outros.
Se você reclama tanto do quanto já brincaram com seu coração, quer um conselho?
Não o exponha tanto!
Não estou dizendo para ser insensível, mas quando você sai publicando que seu coraçãozinho é frágil e que você é sensível e está carente e queria alguém, e blá-blá-blá, sabe o que as pessoas pensam?
“Alvo dectectado! Lançar mísseis em 3... 2... 1... Fogo!”
Sejamos bem sinceros, quem hoje em dia está sozinho por falta de opção?
Se você está se queixando dessa maneira não é porque não há alguém pra você.
É simplesmente porque você não está com a pessoa que você quer.
E o nome disso não é carência, é manha!
Perdão, mas eu já passei por MUITAS e boas, sei como as coisas são difíceis. Mas não acredito que tudo esteja perdido.
Não acredito que não haja pessoas que valham a pena, ou que de repente, ninguém mais preste. Mas eu não quero pensar em determinada pessoa que seria um parceiro ideal, como alguém com quem me comprometeria e manter um vínculo vitalício com ela, excluindo a possibilidade de encontrar ou pessoa que atenda em mais tópicos com minhas exigências egocêntricas.
Então a verdade é essa:
O dia dos namorados é uma data comercial. Se você é um bom namorado/namorada, isso se reflete ao longo do convívio a dois.
Quem está sozinho não deve achar que tem que estar comalguém, só porque o sistema o diz.
Se não estiver com alguém, não é por falta de pessoas boas para você. Não engulo a velha lorota de que todos os homens são iguais ou que as mulheres de hoje são todas vadias. Minha versão é que nós simplesmente não encontramos alguém com quem pensamos que preencheria nossa lista de exigências egoístas.
Amar não é querer para si, é tirar de si.
Amar não é o que você quer do outro, é o que você está disposto a sacrificar de si.
Amar não é agir de acordo com o que se sente, é agir apesar do que sente.
Amar é o que Cristo fez por você.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único filho para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha vida eterna.”
João 3:16

Será que você está disposto a fazer isso por alguém?
Feliz dia 12/06, esteja você namorando ou não.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Eu Não Sou Sábado

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Um dos meus autores favoritos é, sem dúvida alguma, G. K. Chesterton. Sinto como se eu o conhecesse pessoalmente, como um velho amigo, ou mesmo, como um Eu em sua época. Não que eu me equipare ao mesmo em genialidade, mas consigo me identificar tanto com ele, que sinto como se ele conseguisse se expressar do modo como eu gostaria de poder fazê-lo.
Carinho especial eu tenho pelo livro Ortodoxia, livro que a propósito inspirou diversos outros autores e linhas de pensamento.
Mas não vou me deter, pelo menos nesse post, a tal herança que Chesterton deixou para a humanidade. Mas sim, citar um outro livro não menos digno de sua obra. The Man Who Was Thursday – O Homem que Era Quinta-feira.
Esta maravilha em forma de literatura discorre sobre rivalidade entre dois filósofos com perspectivas opostas que não conseguem se entender em meio a um aparente armagedom no qual, baseados numa torrente intelectual, o que mais importa para eles é quem tem razão. Mas para quem lê, não há herói ou vilão. Apenas pontos de vista divergentes fundamentados em sua devida coerência, mas ao mesmo tempo, com a veemência de surtos esquizofrênicos! Delírio real ou realidade delirante. É excelente.
Os antagonistas deliberam acerca dos mais variados temas, veículo este que proporciona ao escritor um cenário para fazer um plantio cujas sementes são política, religião, sociedade, educação, etc.
Eis abaixo um trecho deveras pertinente que trago em itálico para que possa ser acompanhado por quem tenha curiosidade, para acréscimo de informações, mas logo após, volto com a fonte vigente resgatando o post atual.

— Boa noite!
Syme, em plena crise de mórbido temor pela sorte da
humanidade, sentiu-se espicaçado com a simples e mecânica
cortesia do funcionário, que, ali ao crepúsculo, não passava
de uma indistinta figura azulada.
— Será mesmo uma boa noite? disse mordazmente. Vocês
são capazes de achar boa a noite do fim do mundo. Veja
este céu, veja este rio: vermelhos, sangrentos! Garanto que
se isso fosse rigorosamente sangue humano, espalhado e cintilante,
você continuaria aqui perpètuamente impassível, a inspecionar
pobres transeuntes inofensivos e a ordenar-lhes que
se dispersassem. Vocês da polícia são cruéis com os pobres,
mas eu poderia perdoar a crueldade de vocês não fosse esta
calma que vocês afetam.
— Se temos calma, replicou o guarda, é a calma da resistência
organizada.
— Ah é? disse Syme admirado.
— O soldado deve ter calma no aceso da batalha, continuou
o guarda. A disciplina de um exército é a cólera de uma
nação.
— Valha-me Deus! As Escolas Públicas! É essa a educação
não-sectária?
— Não, disse o guarda com tristeza. Não gozei nunca
desses privilégios. Não sou do tempo das Escolas Públicas.
Temo que a minha educação tenha sido muito rudimentar e
obsoleta.
— Onde você estudou? inquiriu Syme curioso.
— Oh, em Harrow, respondeu o guarda.
— As simpatias de classe, por mais falsas que sejam, são,
não obstante, para muitas pessoas as coisas mais verdadeiras
do mundo. E Syme sentiu-as explodirem dentro de si antes
que pudesse refreá-las.
— Mas homem, por Deus! Você não devia ser da polícia.
O guarda suspirou e meneou a cabeça.
— Tem razão, disse solenemente. Eu sei que não sou
digno.
— Mas por que você ingressou na polícia? interrogou
Syme com rude curiosidade.
— Exatamente pelo mesmo motivo que você tem de insultar
a polícia. Descobri que havia no serviço uma oportunidade
especial para aqueles, cujos temores pela sorte da humanidade
dizem respeito antes às aberrações do intelecto cien42
tífico que aos normais e desculpáveis, ainda que excessivos,
distúrbios da vontade humana. Espero que tenha sido claro.
— Se você se refere a suas opiniões, acho que as exprimiu
claramente, disse Syme. Mas quanto a ter-se explicado
está longe ainda. Como é que um homem como você bota
um elmo azul e vem filosofar aqui no aterro?
— Evidentemente você nada sabe dos últimos desenvolvimentos
do nosso sistema policial, retorquiu o guarda. Aliás,
isso não me surpreende. Nós os mantemos em segredo, a
coberto das classes cultas, porque são estas que abrigam a
maior parcela de nossos inimigos. Mas parece que o seu espírito
já está predisposto... Penso que você podia alistar-se.
— Alistar-me em quê? perguntou Syme.
— Explicarei tudo, disse o guarda calmamente. A situação
é esta: o chefe de um dos nossos departamentos, detetive dos
mais célebres de toda a Europa, vem desde muito tempo suspeitando
de uma conspiração puramente intelectual que em
breve ameaçará a própria existência da civilização. Está convicto
de que os mundos artísticos e científicos se unem secretamente
numa cruzada contra a Família e o Estado. Por esta
razão, êle ideou uma especial corporação de detetives, detetives
que são também filósofos. A função deles é investigar as
origens dessa conspirata e combatê-la, não só no sentido meramente
criminal, mas no terreno da controvérsia. Eu sou democrata
e creio no valor do homem comum em questões de intrepidez
e virtudes comuns. Mas não seria aconselhável, obviamente,
o emprego do polícia mediano numa investigação que
é, ao mesmo tempo, uma caça à heresia.
Os olhos de Syme brilhavam de curiosidade e simpatia.
— O que é que fazem então? perguntou.
— A missão do polícia-filósofo, respondeu o homem de
azul, é mais arriscada e mais sutil do que a do simples detetive.
O detetive comum vai às cervejarias capturar ladrões; nós nos
dirigimos ao serões artísticos para descobrir pessimistas. Através
das páginas de um razão ou de um diário os detetives
comuns descobrem que se cometeu um crime. Nós, através
de um livro de sonetos, descobrimos que um crime está para
ser cometido. Temos que seguir desde a origem a pista daqueles
pensamentos terríveis que conduzem os homens ao fanatismo
intelectual e, por fim, ao crime intelectual. Há pouco,
tivemos de correr bastante para chegarmos a tempo de impedir
um assassínio em Hartlepool. O nosso êxito se deveu exclusi-
vãmente à argúcia do jovem Mr. Wilks, nosso companheiro,
que atinara com o sentido exato de umas oitavas que havia
lido.
— Quer dizer, inquiriu Syme, que há realmente tal conexão
entre o crime e a inteligência moderna?
— Você não é suficientemente democrata, replicou o
guarda, mas tinha razão há pouco quando disse que o tratamento
que dispensamos usualmente aos criminosos pobres é
um tanto brutal. Garanto-lhe que abomino meu ofício quando,
algumas vezes, sinto que êle consiste apenas numa guerra
aos ignorantes e desesperados. Mas este nosso novo movimento
é uma empresa muito diferente. Procuramos dar um desmentido
ao pretensioso axioma inglês que diz que os incultos
são os criminosos temíveis. Lembramo-nos dos imperadores
romanos, dos príncipes da Renascença, grandes envenenadores.
Afirmamos que o criminoso temível é o criminoso culto.
Afirmamos que o criminoso mais temível destes tempos é o
filósofo moderno inteiramente bárbaro. Comparados com êle,
arrombadores e bígamos são homens de moralidade perfeita;
meu coração me leva para o lado deles. Aceitam o ideal essencial
do homem; só que o procuram erroneamente. Os ladrões
respeitam a propriedade; só que desejam que a propriedade
se torne propriedade deles para que possam respeitá-la
mais e melhor. Mas os filósofos condenam a propriedade enquanto
propriedade, querem destruir a simples idéia da posse
pessoal. Os bígamos respeitam o matrimônio, ou então não levariam
a cabo a formalidade altamente cerimoniosa e ritualística
da bigamia. Mas os filósofos desprezam o casamento como casamento.
Os assassinos respeitam a vida humana; apenas desejam
obter para si mesmos uma abundância maior de vida humana,
com o sacrifício daquelas que lhes parecem vidas menores.
Mas os filósofos odeiam a vida mesma, a deles e
a dos outros.
Syme pôs-se a bater palmas.
— Isso é verdadeiro! bradou. Tenho pensado assim desde
a infância, mas nunca pude estabelecer a antítese verbal. O
criminoso vulgar é um mau sujeito, mas é, em todo caso, condicionalmente
bom. Desde que um determinado obstáculo —
um tio rico, por exemplo — seja removido, está pronto para
aceitar o universo e louvar a Deus. É reformador, não é anarquista.
Pretende limpar o edifício e não destruí-lo. Mas o filósofo
pernicioso não tenta alterar as coisas; quer aniquilá-las.
Sim, o mundo moderno conservou todas aquelas facetas realmente
opressivas e ignominiosas da função policial, como saquear
os pobres e perseguir os infortunados. Abandonou a
obra mais digna: a punição dos poderosos traidores do Estado
e dos poderosos heresiarcas da Igreja. Os modernistas dizem
que não devemos punir os heréticos. Minha única dúvida reside
em saber se temos o direito de punir alguém mais.
— Mas isto é absurdo! exclamou o guarda, esfregando
as mãos numa excitação inusitada em pessoas da sua categoria
e dos seus hábitos. Mas é inexplicável! Não sei o que você
fêz, mas sei que está desperdiçando sua vida. Você deve,
com urgência, alistar-se em nosso exército especial para lutar
contra a anarquia. Os exércitos de nossos inimigos estão em
nossas fronteiras. Apertam o cerco. Um momento mais e você
poderá ser excluído da glória de trabalhar conosco e talvez
da glória de morrer com os últimos heróis do mundo.
— Realmente é uma oportunidade que não se deve desperdiçar,
anuiu Syme. Mas ainda não entendi tudo. Sei, tanto
quanto qualquer outro, que o mundo moderno está cheio de
homenzinhos sem lei e de pequenos movimentos absurdos. Mas,
selvagens como eles são, têm geralmente o mérito de discordarem
uns dos outros. Como é que você pode dizer que chefiam
um exército ou organizam uma investida? Que espécie de
anarquia é esta?
— Não a confunda, redargüiu o guarda, com essas fortuitas
explosões de dinamite na Rússia e na Irlanda, que são
efetivamente as explosões de homens oprimidos, se bem que
desorientados. Falo de um vasto movimento filosófico, composto
de dois círculos: um externo e outro interno. Pode dizerse
mesmo que o círculo externo é o dos leigos e que o interno
é o do sacerdócio. Prefiro dizer que o círculo externo é do
setor inocente e que o interno é o setor supremamente culpado.
Os do círculo externo, que formam a copiosa massa dos sectários,
são simples anarquistas, isto é, homens que acreditam
que as normas e as fórmulas destruíram a felicidade humana.
Crêem que todos os funestos efeitos do crime são conseqüências
normais do sistema que lhe deu o nome de crime. Não
crêem que o crime gera o castigo. Crêem que o castigo gerou
o crime. Para eles, o homem que seduziu sete mulheres deveria
naturalmente passar impune como as flores da primavera. Para
eles o punguista é naturalmente um sujeito de sentimentos delicadamente
generosos. Estes eu filio ao setor dos inocentes.
— Oh! murmurou Syme.
— É natural, portanto, que estas pessoas falem no advento
de uma era de felicidade, no paraíso do futuro, numa
humanidade liberta da servidão do vício e da servidão da virtude,
e de coisas semelhantes. Assim também falam os do
círculo interno, os do sacerdócio sagrado. Também falam para
as multidões aclamadoras da felicidade futura e da humanidade
que um dia será livre. Mas em suas bocas (e aqui o guarda
baixou a voz), em suas bocas essas frases ditosas têm uma
significação aterradora. Eles não têm ilusões; são demasiadamente
intelectuais para crer que neste mundo o homem possa
libertar-se uma vez sequer do pecado original e do combate.
Suas palavras querem dizer morte. Quando asseveram que a
humanidade há de ser livre algum dia, têm em mente que a
humanidade há de suicidar-se. Quando falam de um paraíso
fora do bem e do mal, têm em mente o túmulo. Visam apenas
dois objetivos: destruir primeiro a humanidade e depois destruírem-
se a si mesmos. É este o motivo por que lançam bombas
em vez de disparar pistolas. A tropa dos inocentes fica desapontada
ao ver que a bomba não matou o rei, mas o alto
sacerdócio regozija-se por saber que matou alguém.

Retomando, creio que haja um sistema que conspira mim. Eu certamente não sou Sábado.

                Sinto muito. Nem imaginam o quanto, mas de acordo com o sistema, eu não posso estar incluído numa convenção chamada Sábado.
                Não me refiro por convenção à santificação de tal dia. Mas a ideia que se tem a respeito desse dia não se aplica a mim de maneira alguma.
                Sei que não sou o único, e por sinal, a quem passe por coisa pior, mas comecei a escrever tal texto como esclarecimento. Que o seu Sábado, é provavelmente diferente do meu sábado. Pois no sábado, não sou eu.

                O sábado foi feito para o homem, e o não o homem para o sábado. – A aplicação de tal passagem para mim é única e simplesmente de que o sábado foi feito para mim, mas não posso usufruir dele.

                É quase unânime quando me chamam para fazer algo: “Vamos no sábado, afinal, é a folga de todo mundo”. Não imaginam o quão extraterrestre me sinto ao ouvir tal coisa. Pois não sou como todo o mundo. E como disse, sei que há piores, mas o sábado não é minha folga.

                Todo sábado alguém se contraria comigo. Portanto, desde já, se for ficar chateado comigo, saiba logo que:

*Eu provavelmente não atenderei o seu telefonema no sábado. Eu já sou ruim com telefone por natureza, mas no sábado sou muito pior.
                Em dia normal de trabalho, de Segunda a Sexta-feira, pode ser que eu retorne ou dê toque de volta para você. Embora de modo limitado, esforçar-me-ei.
                Mas no sábado, não se surpreenda se ficar no vácuo.

*Eu provavelmente não responderei seu e-mail; Facebook; Orkut; Twitter; Linked In; Tumblr; MySpace; Sônico; Gazag e afins.
                Há dias que sou mais ativo nessas redes, há dias que sou menos ativo. No Sábado, provavelmente, não serei de ativo de modo algum.

*Eu provavelmente não me encontrarei com você no Sábado. Sei que devo encontros a torto e a direito, mas no sábado: “Devo, não nego. Pago quando puder.”

                Enfim, desde que comecei a trabalhar, o sábado nunca foi uma opção, mas sim um requisito mínimo. Hoje tenho a utopia de sair desta conspiração que sabatina. Eu tenho um sonho de poder cumprir o descanso do sétimo dia.
                Mas por ora, eu provavelmente me ausentarei de você no Sábado. Eu certamente me ausentarei de mim. No fim do dia estará o que resta das minhas faculdades mentais tentando se restabelecer da experiência fora do corpo, e das pessoas que nesse dia magoar-se-ão comigo, por ser sábado. É tradição.
                Então, uma vez que minha consciência volte ao seu lugar, darei graças a Deus pelo Domingo.
                E sim, Domingo eu pretendo ir à igreja.

qUE BUSCAS? (-_o)

 

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